Desabafo

Falar do nosso país não é fácil. Criticar é fácil. E nos dias de hoje, muito fácil. Há este sentimento de impunidade no ar. A primazia da filosofia do desenrasca como puderes a qualquer custo. A classe política dá o tom e o resto daqueles que enchem o bandulho acompanham. Vamos embora, há que aproveitar que o País está a saldo. Quando ainda andava na faculdade ouvi um professor dizer para outro: "Então pá, essa barriga está cada vez maior?! Deve ser do poder!" Acho que é isto. Portugal é isto. Pergunto-me se estes ministros vivem no mesmo país que eu. Pergunto-me muitas vezes. Para eles os indicadores da nossa economia são excelentes, as bolsas de investigação não diminuíram, o desemprego não podia estar mais baixo, Portugal "pula e avança", é tudo bom. Enfim, os nossos políticos vivem no País das Maravilhas. É isso. Os políticos caíram dentro da toca do coelho, fumaram ou comeram alguma substância alucinógena com a lagarta azul e o conselho de ministros deve ser um chá de loucos. É a única explicação. Enfim, acham-se maiores do que são. Acham-se acima de tudo e de todos. Intocáveis. Mentem com quantos dentes têm na boca. E está tudo bem. "Bem, não se pode ser bom em tudo!", diz o Passos. Ah, bom. Nem vergonha na cara. Para quê? Antigamente usavam-se expressões como "dou-te a minha palavra" e bastava. O valor da palavra. As pessoas tinham brio no que faziam, respeito, responsabilidade, honestidade, vontade de fazer bem e melhor. Eu sou por aqueles que ainda fazem destes valores bandeiras.


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