A Ilha

Tudo começa com os preparativos mais ou menos à pressa com aquela ansiedade que surge quando se vai viajar, mesmo que sejam pouco mais de 40 km. A verdade é que nem era suposto ir, mas mediante um convite para A rever, é impossível resisitir. Compra-se o bilhete para a traineira que sempre fiel nos espera para nos levar para o lado de lá e logo surgem notícias alarmantes de uma praga de nuvens de melgas sanguessugas vampirescas trazidas pelo levante da semana anterior. "Eu sabia que nao devia ter deixado o repelente em casa, doh!"

A companhia é um misto de amigos da ilha desde sempre e de amantes tardios que é o meu caso. Desde que lá fui pela primeira vez, resolvi voltar, sem saber como ou quando.

Passado o canal da formosa, esquece-se tudo o que ficou para trás. Carros, bulício citadino, gente mal disposta. Ali volta-se às origens de chinelo no pé.

À chegada ao parque confirma-se. As P#$&% das melgas estão a atacar como nunca e o repelente no móvel da casa de banho. Tá-se bem e welcome to the jungle. Outra praga que se vem alastrando são nuestros hermanos (É a globalização estupido!) mas ao contrário do que é costume, ali também eles adquirem o ritmo insular e falam mais baixo que o normal respeitando o silêncio que é marca deste areal interminável.

Numa altura de tecnologia tembém lá se nota a chegada do século XXI com a proliferação de tendas que se montam em 2 ou 3 segundos (se ao menos eu tivesse tido esta ideia...). Nós, campistas desde sempre e à antiga ainda não cedemos a essas modernices e montamos a nossa em 5, só pa chatear. Em menos de nada estamos a dar um mergulho no sítio onde o mar é mais transparente, a água mais quente e o sol nos abraça como em lado nenhum.

Os dias na Ilha de Tavira passam mais devagar (e isso é bom!) e quando damos por nós já passou mais um. Aquela rotina rotineira dos dias sem fim em que não há nada para fazer excepto torrar ao sol, banhos sem fim, fazer umas pescarias ou ver o barco a chegar são deliciosos e merecedores de serem aproveitados com a simplicidade que a Ilha nos apresenta.


As noites por seu lado, passam tão depressa quanto a bela da imperial demora a escorregar numa garganta seca em Agosto. Não há nada como a arte de esplanar com os pés na areia, em que as conversas vão surgindo ao ritmo das ondas do mar com o som dos batuques ao fundo e as estrelas brilham mais do que em qualquer outro sítio.

Como despedida, só mesmo um concerto good vibe à beira mar com a companhia daquela outra fauna da Ilha, o pessoal do sábado à noite com as suas geleiras cheias de cerveja, sacos cama salgados, e claro, em câmara lenta como na tv.

Recomendo a todos este hotel de 1000 estrelas, único e inolvidável.

Como dizia o outro: "THIS IS MY ISLAND" . Até pró ano!

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